Bem que as paixões de ônibus poderiam dar certo. Aquelas
pessoas que não trocam nenhuma palavra, que poderão nunca mais se ver, mas que
mesmo assim estabelecem uma ligação única dentro de uma viagem que fisicamente
pode durar 2, 5, 27 minutos e 34 segundos ou até uma hora, mas que para aqueles
dois dura uma eternidade única. Uma história bonita, vivida no universo
paralelo. Ele um vendedor de guarda-chuvas que usa uma cartola verde e gosta
de olhar para os céus, ela uma amazona corajosa, montada num alazão branco e
imponente, que vive a perambular por aí salvando as cidades de serem atacadas pelo desamor. Enquanto se olham, ambos viajam pelo mais lindo e verde vale, se
amam ali em silêncio, parecem se conhecer de um passado longínquo porém bem
vivo. O silêncio é quebrado pelo som do sinal de parada, o mundo se dissolve
feito gelo derretido, um dos dois desce, a história acaba, agora é aguardar a próxima
parada, o próximo ônibus, o próximo cúmplice. - Gabriel Oliveira

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